"Smartphone é acordo com o diabo", diz super-hacker
Ele foi chamado de "a peste que
envergonha
as empresas para que corrijam
falhas de segurança",
em perfil da revista "Wired", e foi
listado como um dos
"dez manipuladores da
internet" pela "PC World", graças à
influência de suas ações na rede.
O americano Christopher Soghoian, 30, construiu essa
reputação --e uma carreira-- denunciando brechas em
sistemas de companhias, como Google, Facebook e AT&T,
que levavam à exposição dos dados de seus usuários.
Ele virá pela primeira vez ao Brasil nesta semana para
participar da conferência de direitos humanos e tecnologia RightsCon, que
acontece nas próximas
quinta e sexta, no Rio.
[Soghoian diz que a vigilância governamental ficou mais barata e eficiente com
o avanço tecnológico e graças ao apoio das empresas privadas.
Até poucos anos atrás, ter um aparato de vigilância era complexo e
caro, o que forçava o governo a limitar os alvos. Hoje, todo mundo
pode ser alvo, porque é barato vigiar todos -afinal, boa parte de nós
leva um "agente secreto" no próprio bolso: o smartphone.
"Eles são um acordo com o diabo. Ganhamos esses aparelhos
extremamente convenientes, mas eles não trabalham em nosso
benefício. Aplicativos podem vasculhar dados e enviá-los sem nos
consultar. As empresas podem pedir para nossos telefones indicarem
onde estamos. O smartphone é como um agente secreto do governo, pelo
qual pagamos."]
Editoria de Arte/Folhapress
"MODELO TÓXICO"
Ele participará do painel "O Futuro do Modelo de Negócios On-line",
na sexta, às 11h45.
Sua visão sobre o tema: o atual modelo de negócios na rede não
combina com privacidade e, portanto, não
deveria ter futuro.
"Esse modelo apoiado em publicidade, no qual recebemos serviços
de graça em troca de nossos dados,
é tóxico e fundamentalmente incompatível com a proteção da nossa
privacidade", diz Soghoian à Folha por
telefone, de Washington, onde mora.
"Apesar de estarmos todos usando serviços gratuitos, é um mau negócio,
e deveríamos considerar pagar
por e-mails da mesma forma que pagamos por ligações."
Com os usuários pagando, crê o americano, as empresas poderiam
(se quisessem) deixar de armazenar
dados privados, pois não precisariam mais deles para lucrar.
Com isso, deixariam de ser as fontes às quais os governos recorrem
regularmente para vigiar seus cidadãos.
"Nossos dados pessoais estão cada vez mais nas mãos de empresas,
e elas ajudam governos na vigilância.
Seus papéis como facilitadoras não são bem conhecidos. Meu foco tem
sido explorar e expor esse relacionamento."
LEVE PARANOIA
Autor do blog Slight Paranoia ("leve paranoia", em inglês;
paranoia.dubfire.net), Soghoian se descreve
como "basicamente um hippie".
"É o que a maioria das pessoas pensa quando me vê.
Sou vegetariano, tenho cabelo comprido, barba,
me desloco de bicicleta e sou o único de camiseta e
bermuda em todas as minhas reuniões."
O interesse por aspectos legais da privacidade on-line
emergiu em 2006, após ter a casa invadida
pelo FBI -ele ensinara, num site, a driblar o controle de
segurança nos aeroportos, com cartões de
embarque falsos; queria expor a fragilidade do sistema. "Sempre tive problemas
com autoridades.
Não gosto que me digam o que fazer."
Editoria de Arte/Folhapress
ESPIONAR É BARATO
Soghoian diz que a vigilância governamental ficou mais barata e eficiente
com o avanço
tecnológico e graças ao apoio das empresas privadas.
Até poucos anos atrás, ter um aparato de vigilância era complexo e
caro, o que forçava o
governo a limitar os alvos. Hoje, todo mundo pode ser alvo, porque
é barato vigiar todos -afinal, boa
parte de nós leva um "agente secreto" no próprio bolso: o smartphone.
"Eles são um acordo com o diabo. Ganhamos esses aparelhos extremamente
convenientes, mas
eles não trabalham em nosso benefício. Aplicativos podem vasculhar dados
e enviá-los sem nos
consultar. As empresas podem pedir para nossos telefones indicarem onde
estamos. O smartphone
é como um agente secreto do governo, pelo qual pagamos."
Fontes:
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