Jovem que frequentava igreja evangélica entra na 'onda' de vender a virgindade pela internet .
Uma paulista de 18 anos, que mora na cidade de Sapeaçu, distante cerca de 150 km de Salvador, leiloa a virgindade pela internet. Rebeca Bernardo Ribeiro disse que teve a ideia após ter visto a "coragem" da catarinense Ingrid Migliorini, que conseguiu vender a virgindade por R$ 1,5 milhão. "Eu vi o vídeo da Catarina, vi a coragem dela de não ter medo de ser julgada, não nego que vi o quanto ela conseguiu adquirir e pensei em quanto posso adquirir e mudar minha vida", relatou ao G1 no sábado (24).
Até agora, Rebeca diz que a maior proposta que recebeu foi de um empresário de Salvador, que ofereceu R$ 70 mil par ter o primeiro "contato íntimo" com ela. Essa é a expressão que a menina prefere usar para se referir à primeira experiência sexual.
A garota pensava em ter uma "primeira vez" especial, com algum namorado, alguém de quem gostasse, porém a vontade de ajudar a mãe falou mais alto, conforme conta. "Foi um meio. Tinha pensado de outro jeito. Fiz um vídeo para o Big Brother [reality show da TV Globo], mas não consegui me inscrever", revela a menina, que já teve "mais ou menos" seis namorados, mas nunca relações sexuais.
A jovem paulista afirmou que recebeu outra oferta no valor de R$ 35 mil e também para desistir do leilão, mas não suspendeu o projeto pessoal para avaliar estas propostas, revelou em contato feito pelo G1 neste domigo (25).
A garota, que mora sozinha com a mãe, diz ter se assustado com a repercussão do vídeo em que aparece anunciando o leilão e, por isso, decidiu retirá-lo do ar. "Tirei do ar logo porque eu não estava podendo frequentar a rua, tinha medo do que as pessoas poderiam fazer". Em seguida, postou um novo vídeo, pelo qual justifica a atitude. Mesmo assim, há uma semana Rebeca não vai à escola onde cursa o 2º ano do Ensino Médio por conta das críticas, mas também pela agenda de entrevistas.
A principal motivação de leiloar a virgindade, segundo alega, é conseguir dinheiro para ajudar no tratamento da mãe, que é aposentada pelo INSS por invalidez. "Eu estava passando muita dificuldade, até para conseguir ajuda para comprar remédios, marcar exames. A gente vive com um salário mínimo. Até já tentei trabalhar, mas aqui na cidade paga pouco. Só consegui ganhar R$ 40, R$ 100 por trabalho um mês inteiro. Não faz diferença esse dinheiro porque teria que pagar uma pessoa para cuidar da minha mãe", disse.
A mãe de Rebeca sofreu AVC (Acidente Vascular Cerebral) há quatro anos e ficou com graves sequelas, segundo conta. Entre elas, não consegue andar nem tomar banho sozinha, além de ter dificuldades para se alimentar e estar com a fala comprometida. Há aproximadamente um mês, a mãe sofreu um segundo AVC. "Com o pouco recurso que a gente tem, não dá para pagar fono [fonoaudiólogo]. São várias coisas para pagar que a gente não tem", afirmou.
Religião
A garota diz que recebe ajuda de pessoas que frequentam a igreja envagélica que a mãe dela ia antes de ficar doente. A menina parou de ir aos cultos há três anos, mas diz que não é criticada pelos amigos da mãe. "Eles não concordam, mas também não me deixam de lado. Acham que eu não preciso ser julgada e sim aconselhada e apoiada", revelou.
Sobre o que a mãe dela acha da situação, Rebeca ela conta que no início foi difícil, mas depois a ela entendeu a atitude da filha: "Achava que seria muita crítica. Passando um período, ela falou que tenho 18 e que sou responsável pelas minhas atitudes", disse.
História
Nascida em Itapecerica da Serra, no interior de São Paulo, a menina foi morar em Sapeaçu ainda bebê. O pai dela era baiano e morreu sem conhecê-la. "Não tive nenhum contato com meu pai, não o conheci. Logo quando eu nasci meus pais se separaram". A jovem também perdeu uma irmã de 27 anos, que era surda e muda, há dez anos.
Entre as atividades que mais gosta, Rebeca gosta de cavalgar. "Adoro andar a cavalo. Nos finais de semana, pego algum emprestado e vou montar. Fora isso, gosto de conversar com minhas amigas, ficar no Facebook, assistir televisão, essas coisas básicas de adolescentes", afirmou.
A menina pretende prestar vestibular em 2013 para psicologia ou nutrição em alguma faculdade próxima de Sapeaçu, para não ficar distante da mãe. Ela diz que sempre se sentiu "diferente" na escola e se considera vítima de bullyng. "Antes do vídeo, já sofria tipo um bullyng porque sou mais na minha, não me envolvo em panelinhas. Colocavam apelidos em mim, faziam zombaria. Eu sou diferente até no modo de vestir, me acho diferente, gosto de ousar", conclui.
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