Câmera de segurança registra momento de desabamento no RJ.
Edição do dia 26/01/2012
26/01/2012 21h17 - Atualizado em 26/01/2012 21h17
Equipes de resgate chegaram logo em seguida. Foi montada uma grande operação para retirada dos escombros e para localizar as vítimas. Quatro quarteirões foram interditados. Homens e máquinas trabalharam sem parar.
Nesta quinta-feira (26), o Brasil acompanhou o trabalho de bombeiros e da Defesa Civil no Centro do Rio de Janeiro, à procura de sobreviventes do desabamento de três prédios.
São milhares de toneladas de concreto do que restou dos três prédios que desabaram na Avenida Treze de Maio.
As pessoas trabalham, no local, respirando um ar pesado. Tem muita poeira em suspensão. O que impressiona também é a quantidade de fumaça que ainda sai dos escombros. Se o trabalho de busca já é delicado e difícil, nessas condições fica bem mais complicado. E o pior: era noite, quando tudo aconteceu.
Quatro corpos foram encontrados até as 20h35 desta quinta-feira. O número oficial de mortos até o horário. Mas ainda há 22 pessoas desaparecidas.
O repórter Paulo Renato Soares mostra o início desse desastre.
Às 20h33 da noite, a câmera de segurança de um dos prédios da Avenida Treze de Maio registrou o momento exato do desabamento. As pessoas na rua estavam no caminho de volta para casa. Algumas olharam para trás, como se ouvissem um barulho. E, de repente, uma correria desesperada.
No canto esquerdo do vídeo ao lado dá para ver parte do prédio caindo e uma nuvem imensa de poeira começa a avançar sobre tudo, rapidamente.
Uma mulher que ficou para trás chega a cair e por muito pouco não foi alcançada. São 27 segundos até que a lente da câmera é encoberta por um jato d’água. Muitas testemunhas da tragédia registram o pânico (veja os relatos no vídeo). São imagens de celular, de câmeras amadoras. Elas mostram que toda a região parece ter sido bombardeada.
Ali mesmo algumas vítimas recebem os primeiros socorros. O medo de novos desabamentos provoca correria. O Globocop também flagra pessoas desesperadas nas ruas do Centro do Rio.
A poeira se espalhou por vários quarteirões. Policiais e guardas municipais procuravam vítimas nos veículos atingidos.
No lugar onde havia três prédios, restou apenas um vazio. O primeiro a ruir foi o mais alto: os 20 andares vieram abaixo e levaram junto outros dois edifícios menores, um de 4 pavimentos, e outro, com 10.
O Theatro Municipal, que fica ao lado das construções que desabaram, não foi danificado. Os destroços atingiram apenas o prédio anexo do teatro.
Como descrever tudo que aconteceu?
“Quando a gente se deu conta e olhou para cima, o prédio vinha na nossa direção”, diz um homem.
“A gente olhou e o prédio deitou mesmo”, conta uma testemunha.
“Muito barulho de algumas coisas caindo. E coisa de segundos, veio tudo abaixo”, lembra um homem.
“Caiu uma primeira parte primeiro e depois a segunda, só deu tempo de correr”, lembra uma testemunha.
As equipes de resgate chegaram logo em seguida. Foi montada uma grande operação para retirada dos escombros e para localizar as vítimas. Quatro quarteirões foram interditados. Homens e máquinas trabalharam sem parar. Havia fogo, faltava luz.
Para mostrar o trabalho de buscas, um bombeiro colocou uma câmera no capacete. É preciso estar atento aos menores ruídos. Em vários momentos o silêncio tem que ser total. Um equipamento ajuda a identificar qualquer som que possa vir de possíveis sobreviventes.
No meio de tanta dificuldade, aparecem os braços de uma vítima. Os bombeiros começam o resgate. Não dá para ver nas imagens, mas o homem foi retirado com vida.
Durante a noite, outra pessoa também foi resgatada dos escombros dessa tragédia em que tudo aconteceu muito rápido. “Eu estava em cima dele e ele tocou no meu coturno. E falou: ‘estou aqui no 6º andar. Você está em cima de mim’. Eu falei: ‘amigo, você está no primeiro andar’”, diz o cabo Pinho, do Corpo de Bombeiros.
“Nunca vi nada assim. Só na televisão”, relata uma mulher. Os prédios sumiram em segundos. Mas as lembranças deste dia não serão apagadas.
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