Maçonaria na Onu..
No primeiro dia do encontro, à porta fechada, do CLIPSAS, entidade criada há 45 anos que congrega obediências maçónicas de 56 países, a possível participação da Maçonaria na ONU foi um dos temas principais, debatido por maçons que vieram até Matosinhos em representação de cerca 40 países. Hoje, a assembleia-geral escolhe o novo presidente da organização. Tejerina Ascension, antiga grã-mestra da Maçonaria espanhola, é responsável pelo dossier sobre a pretensão do CLIPSAS (Centro de Ligação e Informação das Potências Maçónicas do Apelo de Estrasburgo) participar, como organização não governamental, nas Nações Unidas. O pedido, refere, já foi apresentado em Nova Iorque. “Agora esperamos que nos considerem como observador”, diz Tejerina Ascension. A Maçonaria liberal, devido aos princípio que defende, como a liberdade, igualdade e fraternidade, pode ser uma mais-valia no papel de observador na ONU em matéria de Direitos Humanos”, sublinha a antiga grã-mestra da Grande Loja Simbólica de Espanha. António Reis, do Grande Oriente Lusitano, subscreve a posição . “Temos todo o interesse em estar presentes nessa organização mundial: a Maçonaria terá uma palavra a dizer sobre os grandes problemas do mundo, em nome dos seus valores éticos e cívicos”. Segundo o grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, da reunião dos maçónicos liberais em Matosinhos vão sair importantes conclusões no plano organizativo e da comunicação. E isso, permitirá, a curto prazo, “concretizar o velho desejo de estar presente nas Nações Unidas”. Os maçónicos liberais e adogmáticos que, ao contrário da Maçonaria regular, admite entre os seus membros ateus e agnósticos, quer exercer também influência “em instâncias da União Europeia (UE) e noutras organizações internacionais”, diz o maçon português. A nível da UE, lembra Tejerina Ascension, existe já um organismo chamado “Espaço Maçónico Europeu, “mas está ainda no seu início: tem apenas pouco mais de um ano e meio”. A antiga grã-mestra espera, no entanto, que a influência e a opinião deste grupo se faça sentir, “num tempo breve”, no interior das principais instituições comunitárias. Do encontro dos maçónicos em Matosinhos, organizado pelo Grande Oriente Lusitano, sairá um novo presidente do CLIPSAS. Ontem, ao fim da tarde, eram apenas conhecidos dois candidatos ao lugar que Gabriel Nzambila, maçon do Congo, desempenha há três anos. Mas até ao início da assembleia-geral, hoje de manhã, podem surgir novos candidatos. Os pedreiros livres portugueses, garante António Reis, não entram nesta corrida. No entanto, consoante o candidato vencedor, “não está excluída a presença” de um membro do Grande Oriente Lusitano numa das presidências deste organismo mundial maçónico. Cada obdiência detém uma quota de votos consoante o número dos seus membros. A Grande Loja portuguesa, composto por cerca de dois mil maçons, no acto eleitoral de hoje terá direito a três votos. Na corrida está um italiano e um brasileiro. O grão-mestre da Grande Loja do Paraná, Brasil, foi o primeiro a apresentar publicamente a candidatura. Chama-se Jefferson Scheer, advogado e docente universitário, e já havia concorrido ao cargo nas últimas eleições, realizadas há três anos. O maçon brasileiro afirma que a sua Loja “é completamente aberta e transparente”. E deseja, caso vença a eleição, levar essa abertura para a presidência da organização mundial dos maçónicos liberais e adogmáticos. Jefferson Scheer, entusiasta da presença do CLIPSAS na Organização das Nações Unidades, refere que a Maçonaria em terras do Brasil “perdeu totalmente o carácter de sociedade secreta do passado”. A intervenção dos pedreiros livres, contudo, “faz todo o sentido nos nossos dias, embora hoje não há mais que combater monarquias: os partidos tomaram esse lugar”, reconhece. Mas “continua actual e válida a formação do homem, a formação do carácter”. Nas últimas presidenciais brasileiras, Jerfesson votou “no outro candidato”.
FRANCISCO MANGAS
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